ESPORTE
Jornalista gaúcho lança biografia de Yustrich, o personagem mais violento do futebol brasileiro  
   
Livro-reportagem Homão narra trajetória do ex-goleiro e ex-treinador

Por Assessoria de Imprensa
18/11/2025 09h10

Em janeiro de 1970, ao ser apresentado como novo técnico do Flamengo diante de um batalhão de repórteres, ele avisou: Meu negócio é vencer de qualquer maneira, nem que seja preciso dar um soco na cara do juiz. Às vezes sou grosso mesmo. Não sou nem estopim, sou a própria pólvora.

A frase está no livro Homão, de autoria do jornalista gaúcho José Luís Costa, e dá uma ideia do personagem mais violento e polêmico do futebol brasileiro de todos os tempos.

Nascido Dorival Knippel, foi insuperável na arte de arrumar encrenca, imortalizado pelos apelidos de Yustrich e Homão, entre muitos outros. Entre os anos 1930 e 1980, ninguém do meio esportivo se meteu em tantas controvérsias. Discussões, ameaças, brigas, socos, tiros e prisões fazem parte do currículo cinquentenário de Yustrich.Ele foi um modesto goleiro e depois se consagrou como grande treinador. Dirigiu 15 clubes,  Cruzeiro, América-MG, Atlético-MG, Corinthians, entre outros, ganhando títulos no Brasil e em Portugal, onde era chamado de Napoleão.

Em 271 páginas o autor resume todas as faces dos 73 anos de vida do protagonista. Um ser humano de extremos, brutalizado por tragédia familiar na adolescência e que não conhecia o significado da palavra limite. Viveu sempre no fio da navalha, conquistando amigos e inimigos com a mesma intensidade.

Transformou o futebol em campo minado onde explodiam todas as suas emoções. Como técnico exigia tudo perfeito, embora tivesse muitos defeitos. Brigava com dirigentes dos clubes para dar o melhor aos seus jogadores, mas também brigava com os melhores jogadores. E com quem mais o tirasse do sério. Queria ser pai e mãe. Mandar e ser obedecido. Para ele, valia tudo em nome da disciplina e das vitórias.

Ambíguo, ao mesmo tempo era uma pessoa preocupada com o próximo, capaz de estender a mão, ajudar, amar e ser amado. Fraquejar, chorar e reconhecer erros. Yustrich forjou sua personalidade nos anos 1920/1930, baseado em valores morais da época, com o autorismo exacerbado entranhado na sociedade.

Ao longo dos tempos, ocorreram grandes transformações. Nos anos 1960 nasceu o movimento hippie, vieram os cabelos compridos, os black power. Pipocavam pelo mundo greves, protestos e contestações contra o status quo. Yustrich não aceitava isso. Manteve-se agarrado às suas convicções e teve enormes dificuldades de conviver com quem pensava diferente . Mas, também, era um sujeito de bom coração, observa o autor.

A biografia é resultado de quatro anos de trabalho que envolveu pesquisas em livros, jornais, revistas, sites e blogs, percorrendo os primeiros passos de Yustrich desde Corumbá, onde nasceu, em 1916, até os últimos dias, em Belo Horizonte, em 1990. Aos 61 anos, Costa revela que o projeto surgiu de lembranças que o assombravam na infância, ouvindo falar no rádio de um técnico que batia em jogador, em dirigente, em repórter.

"Ouço jogos de futebol desde pequeno. À noite, captava emissoras do Rio de Janeiro em um aparelho antigo, valvulado, do meu pai. Assustava-me com o que diziam do Yustrich e guardei na memória por 50 anos. Em 2021, desempregado pela pandemia, surgiu a ideia de escrever um livro sobre o velho treinador. Deveria ter outras figuras controvertidas como recheio, mas mudei o plano. O Homão era a massa, a cobertura, todas as camadas, o bolo completo."

O autor determinou para si próprio uma “cláusula pétrea”: ao menos 100 entrevistados. Um personagem deste tamanho, tanto tempo envolvido com o futebol merece ser retratado em um trabalho com profundidade. Foram ouvidas cerca de 140 pessoas, entre parentes, amigos, inimigos, jogadores, preparadores físicos, massagistas, dirigentes, médicos e cronistas esportivos que conviveram ou conhecem as histórias de Yustrich em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e o Distrito Federal, além dos Estados Unidos e Portugal.

Uma das peculiaridades do livro é a atualização de valores para o Real, ao citar quantias envolvendo transações e salários. Dá uma noção de quanto o futebol pagava naqueles tempos, muito pouco se comparado aos dias de hoje. Mas o suficiente para Yustrich fazer fortuna, que terminou antes do fim da vida. Era mão aberta demais com quem se condoía. Comprava presentes, roupas, sapatos, alimentos e remédios. Dava e emprestava dinheiro, mas não cobrava.

Amante de belas mulheres e da boa comida, o Homão não cuidava da saúde. Obeso, cardíaco e diabético, definhou no anonimato. Restou a fama do apelido Yustrich que virou nome próprio de uma dezena de brasileiros, registrado em carteira de identidade como herança de admiração.

O livro está disponível no Mercado Livre ao preço de R$ 95.

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