PT gaúcho apresentou seus nomes para as eleições de 2026
Edegar Pretto para governador, Pimenta e Manuela ao senado

Por Tiago Machado e Marcelo Antunes 
01/12/2025 09h55

O atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e o deputado federal Paulo Pimenta são os nomes apresentados pelo PT gaúcho como pré-candidatos ao governo do estado e a uma das vagas para, respectivamente, o Senado nas eleições do ano que vem.

O chancelamento dos nomes ocorreu por unanimidade dos delegados e delegadas presentes neste domingo (30), durante o 24º Encontro Estadual da sigla, que contou também com a participação de lideranças de diversas legendas de esquerda e centro-esquerda. A companheira de chapa de Pimenta a uma das duas vagas à Câmara Alta será Manuela D'Ávila, que discursou no ato político e deve se filiar ao Psol nos próximos dias.

A aclamação de Pimenta se deu após a desistência do senador Paulo Paim em buscar a reeleição. "Tenho certeza de que estamos fazendo aqui a construção de um grande movimento de unidade, de ampliar cada vez mais dentro desta prioridade que é manter o país na liderança do presidente Lula, para manter a democracia, a soberania nacional. Hoje fazemos aqui a apresentação dos pré-candidatos ao governo e ao senado. E isso não é fechar nenhuma porta, pelo contrário. É para possibilitar que, a partir dos nomes definidos, nós possamos dialogar com uma mesa mais ampla, com todos os partidos do campo popular, respeitando todas as negociação que temos feito. Este é um ato simbólico, mas extremamente importante e histórico da esquerda e do centro democrático deste estado e daqueles que querem uma sociedade com liberdade, democracia e os direitos da população preservados", afirmou o presidente do PT, deputado estadual Valdeci Oliveira, que atuou na articulação do consenso.

Além da defesa da unidade do campo progressista, para não permitir que o RS caia nas mãos do fascismo da extrema-direita e construir uma grande bancada federal, vistos como os grandes desafios e tarefas para 2026, Paulo Pimenta afirmou estar "muito entusiasmado e convencido de que faremos uma campanha que irá apaixonar o nosso estado. E iremos dar o troco, não apenas porque na última eleição elegeram um candidato que nem era daqui, mas porque nas últimas duas eleições eles não permitiram que o Olívio Dutra fosse senador. E chegou a hora de a gente construir um caminho para levar o povo gaúcho de volta ao Palácio Piratini, que tem saudade de Leonel Brizola, Alceu Collares, Olívio e Tarso Genro".

Na avaliação de Manoela, quando o PT decide pela construção de uma saída unitária é importante para toda a esquerda, pois é a maior legenda deste espectro político do Brasil. "Assumi com muito entusiasmo e disposição (a pré-candidatura). Ladeada pelo Edegar e pelo Pimenta vou percorrer o Rio Grande do Sul e conversar com cada trabalhador e cada trabalhadora, com cada mãe que sabe o que significa ver o estado do RS destruído, com cada mulher que reconhece na dor da outra que enterra um filho vítima da violência policial, com cada um e cada uma que sonha em ver o estado que enfrente a emergência climática, que defenda a agricultura familiar. Com essa campanha, bandeira e convicção nós vamos construir a nossa vitória (ao senado) e rumo ao Piratini", enfatizou Manuela.

"Eu aprendi a dar muito valor para o tempo, porque, lá na roça, a gente trabalha o tempo para plantar, para a semente germinar, e espera o melhor momento para fazer a colheita. Parece que temos muito tempo (para as eleições), mas faltam 309 dias para irmos às urnas decidir os rumos do Rio Grande e do Brasil. Vou fazer tudo o que eu posso, vou caminhar muito, fazer muitas reuniões e contatos. Quero ter a honra de ouvir muito, ser escutado e escutar todas as lideranças  que, mesmo sem partido, têm muito a contribuir. Certamente não conseguirei conversar com todos, então peço a vocês: onde eu não puder estar, que vocês sejam a representação do nosso projeto, que vocês dêem o testemunho por mim. Nós vamos reeleger o presidente Lula e voltar ao Palácio Piratini", afirmou Edegar, aplaudido pela militância.

O pré-candidato a governador ainda fez outra analogia com o tempo, desta vez em relação ao atual governador Eduardo Leite. "Sem ódio ou rancor, é um tempo que perdemos nos três mandatos consecutivos, que foi o do MDB  (Sartori) que se emendou com os dois de Leite, um tempo em que se afastou do povo gaúcho o projeto do estado do Rio Grande do Sul. Muitos não sabem sequer para o que serve um governo, tal a ausência da atual gestão no cotidiano das pessoas", criticou Pretto, citando como exemplo os inúmeros problemas na saúde pública (onde o estado não investe o mínimo constitucional de 12%), a educação (com registro abaixo do índice nacional do Ideb, onde 75% das escolas não contam com ar-condicionado e professores são negligenciados pelo poder público) e a segurança. "Como um governador pode dizer que estamos vivendo o melhor momento da segurança pública se não dá segurança alguma às mulheres e o RS é campeão no ranking de feminicídios mesmo depois da concessão de medidas protetivas", indagou Pretto.

O ex-deputado e atual presidente da Conab também teceu críticas à política de privatização imposta no estado pelos últimos governos, que prometeram a ilusão de que bastava vender o que era do povo para que as finanças fossem resolvidas. "Venderam a CEEE, Sulgás, Corsan, fecharam as fundações e acabaram com a condição do estado fazer gestões. Depois de doze anos entregando tudo apresentam um orçamento na Assembleia, que será votado na próxima terça-feira, com um déficit de R$ 3,8 bilhões", listou, apontando que o atual governo, que fechará a gestão criando 58 novas praças de pedágios nas estradas gaúchas, também desfigurou o código ambiental do estado em clara demonstração de negacionismo climático.

Críticas à extrema-direita também pontuaram a fala do pré-candidato, que lembrou que a reeleição de Lula é para evitar a volta do negacionismo, que foi o responsável por grande parte dos mais de 700 mil mortos na pandemia e que teria aproveitado a crise sanitária para flexibilizar a legislação ambiental, aumentando em larga escala as queimadas e o desmatamento. "O que fez o representante do Bolsonaro aqui no estado para querer ser governador do RS além de passear de jet ski e fazer pescarias com o capitão?", questionou, sem citar o nome do deputado federal Luciano Zucco, emendando que o aliado do ex-presidente, "na hora em que o Brasil mais precisou, o 'falso patriota' passou para o outro lado e se enrolou na bandeira dos Estados Unidos. Quero ver ele se explicar para a indústria gaúcha e os setores produtivos altamente impactados pelo tarifaço do presidente Trump", provocou, lembrando que, segundo relatório elaborado pela Federação das Indústrias do estado (Fiergs), 85% da exportação do setor para os EUA foi altamente impactada.

O ato em Porto Alegre, que contou com representações do PV, Rede, PCdoB, PSB, PDT, Avante e Psol, além de lideranças petistas, como deputados e deputadas federais, prefeitos, vereadores e delegados de todo o estado, também realizou a posse coletiva das Secretarias e Setoriais Estaduais do partido.

Tiago Machado e Marcelo Antunes 
Fotos: Christiano Ercolani

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