As águas começam a baixar e, aos poucos, a população retorna para suas casas. Pelas ruas é possível encontrar entulhos, barcos de resgate ancorados, roupas penduradas em árvores, casas destruídas, além de animais mortos. Em meio a tudo, uma densa camada de barro.

Nova Santa Rita é uma cidade conhecida pela agricultura familiar. De geração em geração, as famílias fizeram da terra sua principal, e muitas vezes, única forma de sustento. E agora se vê perdida, sem saber por onde recomeçar. Além da plantação, animais, o maquinário, as lembranças de uma vida.

"Eu perdi a lavoura, a casa, tudo que eu tinha, mas o mais triste é as lembranças que a gente perdeu, as fotos do meu filho pequeninho. Tu ver tuas coisas indo embora e não poder fazer nada", lamenta o agricultor e pecuarista, Ederson Coimbra, 34 anos. Ele é um dos tantos que vai precisar recomeçar.

O agricultor pontua que, depois dessa tragédia climática, os reflexos serão sentidos em todo o Brasil. Sem contar o impacto emocional, das perdas afetivas, jamais poderá ser estimado.

Ainda não há dados exatos das perdas na agricultura em Nova Santa Rita. “Não é as coisas materiais, mas é tudo que tu conquistou", declara o agricultor Silvio Lopes, 62 anos. Ele, que sempre cultivou arroz, perdeu sua plantação e a casa onde passou a infância com os pais, todo seu rebanho de gado e dois cavalos da família. "O que estamos passando e vamos passar é muito delicado, nunca vi uma enchente como essa".

Outro produtor que sofre com as perdas das cheias, José Aristeu, conhecido como Juca, 63 anos, diz que muitas pessoas tentaram salvar os animais da enchente em uma pequena casinha de madeira do lado de fora da sua propriedade. "Alguns sobreviveram, mas estão adoecendo agora", diz.

Baixa das águas mostra destruição de UBS

A enchente que atingiu muitas residências e desalojou famílias na cidade, também atingiu prédios públicos, patrimônios da população de Nova Santa Rita. As unidades de Saúde Cel. Olympio no Berto Círio e Morretes, foram tomadas pelas águas. Em visita aos locais nesta segunda-feira, 20, servidores da saúde constataram o nível de destruição de mobiliário e equipamentos para atendimento médico, além de equipamentos de informática. A secretaria da Saúde estima em R$ 450 mil o prejuízo nas duas UBS.