Nossos ícones musicais estão morrendo fisicamente
   
Se a Música Morrer, morremos nós?

Por Gilmar Goulart Pinto
29/11/2022 10h50

SE A MÚSICA MORRER, MORREMOS NÓS?

Estão morrendo fisicamente os artistas da velha guarda. Depois da Gal e Boldrin,  Bebeto Alves. Até o Aldir Blanc nos deixou fisicamente e virou Lei na pandemia.. E agora o Tremendão nós deixou. O Erasmo, amigo irmão camarada do Roberto Carlos e de todos nós.
Nenhum deles é substituível, nenhum… 
São eternos por suas canções… Ainda ontem escutei Nelson Gonçalves… 
Sábado, cantei Gildo de Freitas.

Preciso lembrar que a música, que eterniza homens e mulheres,  já vinha sofrendo e, em alguns lugares, quase morreu. Mas, igual ao Phoenix, ressucitou… 
Mas, precisamos evitar futuras perdas... 
Falar sobre isso e não apenas remoer saudades.

Na retrospectiva, começaram a morrer as emissoras de rádio. Morreu o vinil (hoje ouvido pelos saudosistas). Vi morrer também o direito autoral… Vi morrer muitos festivais. Vi o morrer o matinê dançante. Vi morrer as fanfarras, blocos de carnaval… O próprio Carnaval chegou a ser discriminado e quase morreu na avenida… Vi morrer o Fandango e o Kerb… Vi morrer os coros e as Sociedades de Cantores…

Vi morrer o Rock in roll. O samba de esquina… Morreu o Ministério da Cultura. Pasmem!

Na verdade, quase vi morrer a música. Como eu queria ouvir os Conselhos… Os Mecenas...

Música… ela nunca morreu… porque é muito mais que um evento. A música é a natureza. É a vida. É o sonho. É ela que transmite as razões... Todo dia um artista se despede e todo dia um artista se eterniza ao criar a sua música.

Ouvi a música que dizia “Não deixe o samba morrer”. Gravei num Canto bagual que “não quero que este canto um dia vá para o espaço” ... ouvi ainda que “eu fico com a resposta das crianças” e na voz da Gal ouvi que a “chuva de prata... quase me mata de tanto esperar”… Boldrin cantou “corre um boato...que as lágrimas que choro são mal ponteadas” e a música está como o Tremendão disse: "sentada ao meio do caminho"...

Está morrendo fisicamente a velha guarda da música... Isto é natural! Não podemos deixar morrer precocemente a música por falta de musicalização na escola, de políticas para formação de público e valorização de talentos…

Ficarei muito triste e irei chorar, de tristeza, se a música morrer... precocemente.

Gilmar Goulart Pinto

músico

   

  

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