Nossos ícones musicais estão morrendo fisicamente |
Se a Música Morrer, morremos nós? |
SE A MÚSICA MORRER, MORREMOS NÓS?
Estão morrendo fisicamente os artistas da velha guarda. Depois da Gal e Boldrin, Bebeto Alves. Até o Aldir Blanc nos deixou fisicamente e virou Lei na pandemia.. E agora o Tremendão nós deixou. O Erasmo, amigo irmão camarada do Roberto Carlos e de todos nós.
Nenhum deles é substituível, nenhum…
São eternos por suas canções… Ainda ontem escutei Nelson Gonçalves…
Sábado, cantei Gildo de Freitas.
Preciso lembrar que a música, que eterniza homens e mulheres, já vinha sofrendo e, em alguns lugares, quase morreu. Mas, igual ao Phoenix, ressucitou…
Mas, precisamos evitar futuras perdas...
Falar sobre isso e não apenas remoer saudades.
Na retrospectiva, começaram a morrer as emissoras de rádio. Morreu o vinil (hoje ouvido pelos saudosistas). Vi morrer também o direito autoral… Vi morrer muitos festivais. Vi o morrer o matinê dançante. Vi morrer as fanfarras, blocos de carnaval… O próprio Carnaval chegou a ser discriminado e quase morreu na avenida… Vi morrer o Fandango e o Kerb… Vi morrer os coros e as Sociedades de Cantores…
Vi morrer o Rock in roll. O samba de esquina… Morreu o Ministério da Cultura. Pasmem!
Na verdade, quase vi morrer a música. Como eu queria ouvir os Conselhos… Os Mecenas...
Música… ela nunca morreu… porque é muito mais que um evento. A música é a natureza. É a vida. É o sonho. É ela que transmite as razões... Todo dia um artista se despede e todo dia um artista se eterniza ao criar a sua música.
Ouvi a música que dizia “Não deixe o samba morrer”. Gravei num Canto bagual que “não quero que este canto um dia vá para o espaço” ... ouvi ainda que “eu fico com a resposta das crianças” e na voz da Gal ouvi que a “chuva de prata... quase me mata de tanto esperar”… Boldrin cantou “corre um boato...que as lágrimas que choro são mal ponteadas” e a música está como o Tremendão disse: "sentada ao meio do caminho"...
Está morrendo fisicamente a velha guarda da música... Isto é natural! Não podemos deixar morrer precocemente a música por falta de musicalização na escola, de políticas para formação de público e valorização de talentos…
Ficarei muito triste e irei chorar, de tristeza, se a música morrer... precocemente.
Gilmar Goulart Pinto
músico